Páginas Marrons

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Devoradora



Cigarro bom.Desce queimando. Trago mais forte e ele queima mais, queima tudo. Eu queria me incendiar como uma tocha para não ver essa imagem entorpecida de antidepressivos no espelho. Estou zonza, fumei demais? Não, não pode ser, porque se for não sei nem de quem é. Faço pose com o salto quebrado. Eles riem, mas eu sou bonita. Sei que sou. Você mente pra quem? Já viu aquela coisa no espelho. A agonia é muita, tanta que arranco meus próprios cabelos, eu os devoro na vontade de devorar minha banha. Televisão corpos, corpos que eu queria ter, eles deveriam ser meus. Sou boa pessoa. Eu sei que sou boa, querer tudo para si não te faz mau. Os homens eu me insinuo para todos, mas tudo que eles vêm são fotos produzidas. Se vissem a verdade... Não me quereriam. Sou falsa, sou mentirosa, sou gulosa, sou fraudadora. Sou aquilo que eles comem e vomitam, mas eu não demonstro, será que demonstro? Ele todos sabem? No meu canto me devoro na esperança de sumir ou brilhar, como meus cabelos brilham.

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